Beatriz Barradas, Diogo Vicente e Beatriz Rebolo, alunos da ESSAlcoitão. Foto: Diogo Camilo/RR
Diogo Vicente está a acabar o último ano do curso de Fisioterapia e já tem propostas para entrar no mundo do trabalho. Beatriz Barradas e Beatriz Rebolo estudam Terapia da Fala e Terapia Ocupacional e destacam o desafio de gerir as emoções e não se afeiçoarem aos utentes.
Diogo Vicente conheceu o mundo da fisioterapia da pior forma. Uma lesão que o obrigou a retirar-se dos relvados do futebol ainda durante o ensino secundário acabou por lhe abrir as portas para uma nova vocação.
Na Escola Superior de Saúde do Alcoitão (ESSAlcoitão) descobriu uma alternativa, com muitas oportunidades para ganhar experiência e taxas de empregabilidade a roçar a perfeição. Todos os fisioterapeutas que o ajudaram na recuperação para a vida ativa tinham estudado lá e o seu futuro ficou decidido numa visita à faculdade para o Dia Aberto, mesmo após entrar na sua primeira opção em concurso público.
Aquilo que era uma opção que o mantinha perto do ambiente de balneário desportivo rapidamente passou a oportunidade de carreira.
Ao segundo ano, num dos protocolos anuais do curso, completou o círculo ao estagiar na clínica que dá apoio ao seu antigo clube de futebol, o Ginásio de Alcobaça. “Parecia que estava tudo encaminhado para eu gostar da área”, diz ao podcast Dar Voz às Causas da Renascença, numa conversa nos jardins onde, dentro de um mês, realizará a benção de fitas.
Diogo Vicente, aluno de Fisioterapia na ESSAlcoitão.
No quarto e último ano do curso, e apesar de ainda não ser oficialmente fisioterapeuta, já tem várias sondagens para entrar no mundo do trabalho. “Não sei se posso revelar ainda, mas vão aparecendo propostas”, conta, envergando um pólo a representar a ESSAlcoitão.
O maior desafio na fisioterapia, diz, é ajudar jovens ou adultos a lidarem com as expectativas que têm para as suas lesões, o mesmo problema que enfrentou na altura em que foi obrigado a retirar-se do futebol.
O curso – e, principalmente, os estágios – ajudaram-o a desenvolver as ferramentas que considera mais essenciais ao seu trabalho: a empatia e o saber ouvir.
A entrada da Escola Superior de Saúde do Alcoitão.
Apesar de se ter candidatado por livre vontade ao ensino superior privado, o jovem natural de Alcobaça é um dos 18 alunos do seu ano que usufrui da bolsa de estudos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que lhe garante o pagamento das propinas e outras ajudas.
“A bolsa permite-me viver com mais estabilidade e é um grande incentivo para os alunos. Saberem que a ESSA está a apostar neles é um elemento motivador para um melhor desempenho no curso”, diz.
Inicialmente Escola de Reabilitação de Alcoitão (ERA), a ESSAlcoitão tem atualmente quase 400 estudantes a frequentarem as licenciaturas de Fisioterapia, Terapia da Fala e Terapia Ocupacional, além de mais 150 em mestrados e pós-graduações.
“A bolsa é um grande incentivo para os alunos. Saberem que a ESSA está a apostar neles é um elemento motivador”
A taxa de empregabilidade da instituição da Santa Casa é um dos seus maiores aliciantes: cerca de 99% dos alunos que se formam no politécnico privado conseguem emprego e 90% dos estudantes concluem a sua licenciatura sem exceder os quatro anos de curso.
Beatriz Barradas é aluna do 3.º ano de Terapia da Fala na ESSAlcoitão.
Na licenciatura de Terapia da Fala, ambas as taxas são de 100%.
E isso sente-se nos estudantes do curso: Beatriz Barradas tem 20 anos e está no 3.º ano. Apesar de estar a um ano de entrar no mundo do trabalho, diz estar tranquila graças à alta taxa de empregabilidade dos alunos da faculdade.
“Falamos com alunos do 4.º ano, que ainda estão em estágio e já estão a receber propostas de emprego. Claro que isso acaba por nos descansar, saber que vamos acabar o curso e quase de certeza vamos ter emprego”, diz.
A jovem de Oeiras conta que esta aprendizagem é gradual, ao longo de estágios que também vão aumentando de duração, chegando às 14 semanas consecutivas. Ao todo, são mais de 200 os locais que têm protocolo com a ESSAlcoitão para a realização de estágios nas três licenciaturas.
Beatriz Rebolo é aluna do 3.º ano de Terapia Ocupacional na ESSAlcoitão.
Sempre gostou de crianças e o seu maior desafio nos estágios foi estabelecer ligações com adultos e, depois, gerir as emoções: “Lembro-me de num dos meus estágios recordar o meu avô ao estar com um adulto. Essa parte emocional é muito difícil”.
Esta também foi a maior barreira para Beatriz Rebolo. Natural de Cascais, está no penúltimo ano de Terapia Ocupacional e diz que o curso a ajudou a “ver cada pessoa como um ser único”.
“Estive a estagiar com pessoas em situação de sem-abrigo e tive de perceber que não podemos dar as palavras ‘casa’ ou ‘família’ como garantidas. Quando as pessoas vêm ter connosco, é porque algo se passou e são realidades muito duras”, explica.
Para ajudar na gestão das emoções, a ESSAlcoitão disponibiliza ajuda psicológica para os alunos.
E é esta força emocional que ajuda, todos os anos, a formar os melhores terapeutas do país, alicerçados na experiência de estudar junto ao Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão e de poder aliar a teoria à prática, todos os anos.